Se quando você pensa na sua sogra, as seguintes imagens vêm à sua mente: de um réptil sibilino chocalhando miríades de guizos; uma bruxa de nariz adunco com verruga bem cabeluda na ponta, cortando o espaço a bordo de uma reluzente vassoura e outros pensamentos desse naipe, saiba que, é bem possível que ela pode estar tendo visões semelhantes a seu respeito.
É difícil essa relação, não?
Nem sempre, há histórias de relações maravilhosas entre noras e sogras. Existem casos de noras que se dão melhor com a sogra que com a própria mãe.
A sogra que inferniza a vida da nora pode estar inconscientemente erotizando a relação mãe/filho. Ela não vê a nora como a companheira que o filho escolheu para construir seu futuro e fazê-lo feliz. Tem a nora como a rival que está roubando esse filho em que ela foi investindo seus sonhos desde que ele nasceu.
E aí, a cobra vai fumar!
Ela inventa mil maneiras de não deixar essa nora ter um minuto de sossego ao lado do companheiro. Entre outras coisas, ela pode invadir a casa dos dois a qualquer hora sem nenhum aviso e sem cerimônia dar palpite em tudo.
O molho do macarrão não é aquele que o filho gosta e que só ela sabe fazer. O bolo que a nora faz não sai bom porque só ela sabe bater até o ponto certo. As camisas do filho não estão separadas por cor no guarda-roupa. As cuecas e meias, não estão dobradas da maneira que ela costumava dobrar. Não coloca as roupas na máquina de lavar separando-as por fibra, por cor, por textura do jeito que ela faz. A casa, na opinião dela, é uma bagunça. Os netos não são bem alimentados porque ela só dá porcaria para eles comerem. Enfim, a nora não limpa, não lava, não cozinha, não ajuda direito nas despesas da casa. Não faz nada... COMO ELA FAZ!
Sogra que se sente traída tem mentalidade fértil para torturar a nora. Geralmente, essa mulher teve um marido que não satisfez seus anseios internos, foi um ausente, um banana, um déspota, enfim, não correspondeu a tudo que ela esperava dele. À medida que o marido ia frustrando-a em suas expectativas, ela ia projetando seus desejos no filho, esperando (às vezes inconscientemente) que o filho um dia fosse para ela o que o companheiro não foi ou não pode ser (ele pode também ter morrido).
Muitas vezes também a nora alimenta as atitudes invasivas da sogra entrando no jogo, fornecendo munição e assim acaba promovendo uma disputa ferrenha para ver quem fica com o prêmio (o prêmio em questão é o filho de uma e companheiro da outra).
Como se sente ele (o coitadinho) no meio dessa disputa? Às vezes desconfortável e às vezes lisonjeado, chegando em muitas ocasiões a colocar mais alguns gravetinhos na fogueira, porque as duas mulheres que ele ama disputando-o lhe dá uma satisfação imensa! Tudo depende da natureza dos afetos que mobilizam esse triângulo.
Bem... como terminar essa guerra e desarmar os dois lados? A sogra terá que ter uma tomada de consciência e perceber que não está perdendo seu filho para outra. O amor de filho é para sempre. Desinvestir esse filho de seus anseios frustrados e procurar uma forma de resolver suas insatisfações. Deixar os dois construírem sua vida sem interferência externa. Só se manifestar e dar palpite quando for chamada para tanto. É fundamental o respeito pela vida dos dois. Críticas destrutivas não ajudam em nada.
Quanto à nora é bom ir retirando a armadura, abaixando as armas e reconhecer que o marido vai sempre amar a mãe dele, mas, esse sentimento que ele nutre pela mãe, em nada vai interferir no amor que tem por você (companheira). Tente exorcizar mágoas e rancores. Respeito por ela é bom e ela gosta. Tratá-la bem. Manter uma certa distância, não uma distância que cheire a animosidade. Uma distância respeitosa.
As duas podem até vir a ser boas amigas. Afinal, não tem porque viverem se estranhando, pois, se cada uma no seu papel, amam o mesmo homem (o que deveria uni-las é o que determina a contenda e acabam não enxergando que a natureza do amor das duas é diferente).
Se a nora conseguir retirar essas roupagens (de cascavel; bruxa ou se já lá como for que a vê) de cima da sogra, poderá até descobrir uma agradável mulher experiente e com qualidades que os rancores não deixavam aparecer, e conquistar uma aliada.