Em muitas de nossas relações pessoais, principalmente aquelas com as quais temos algum envolvimento emocional – família, amigos ou colegas de trabalho muito chegados – pode existir um componente de competição que acaba despertando uma certa inveja, sempre latente, até em pessoas que verdadeiramente nos estimam. É aquele desconforto com o sucesso alheio que nem sempre se relaciona a dinheiro, mas também a relacionamentos, reconhecimento, conquistas pessoais, sorte, etc.
Não é regra, é tendência, mas deve ser sempre observada.
Quando falamos das coisas que nos saíram erradas, os outros tendem a solidarizar-se conosco e torcer por nós. Quando falamos das coisas que nos saíram bem, tendem a questionarem-se por que não tiveram a mesma sorte que nós e intimamente, muito intimamente, de uma forma que a maioria é sequer capaz de perceber, desejam que não tivéssemos nos saído tão bem. Nossa sorte não lhes parece justo.
Particularmente, acredito que nós somos os únicos responsáveis pelas coisas que dão certo ou errado conosco, só que nossos sucessos dependem muito da nossa confiança, a qual nem sempre é inabalável e pode ser facilmente desestabilizada pela dúvida ou pela crítica alheia. Por isso acredito de certa forma no que o costume popular chama de mau olhado ou mau agouro. Nem todos gostam de nos ver bem.
Algumas pessoas nos amam. Mas só se sentem confortáveis conosco se estiverem convictas de que são superiores ou iguais a nós. Se sentirem que estamos chegando ao mesmo nível delas, ou pior, ultrapassando-as, começarão a sentir-se desconfortáveis.
Elas não fazem por mal e nem sabem que o fazem. Para elas é algo instintivo intimamente ligado à manutenção da própria autoestima. De todo modo, não acredito muito no que chamam de inveja boa. O que me parece mais razoável é que existem pessoas mal-educadas, que criticam os êxitos alheios, e pessoas bem educadas, que sabem a hora de recolherem-se e ficarem quietas deixando os amigos curtirem seus sucessos.
Isso tende a ocorrer quando estão diante de quem consideram se esforçar igual a elas. Se a partir de certo momento as duas partes se esforçam em igual medida, porém uma passa a ser melhor sucedida, a invejinha pinta na área.